O jornal O Globo traz hoje uma extensa matéria sobre a estratégia de Sérgio Cabral para se livrar dos crimes que cometeu. É bom lembrar que ele confessou tudo, seus colaboradores - também condenados em primeira instância - fizeram o mesmo e todas as empresas ou pessoas citadas por terem pago propina ao ex-governador confirmaram diante do juiz Marcelo Bretas e dos promotores.

O CNJ, recentemente, puniu o juiz da 7ª vara federal do Rio com a pena máxima: aposentadoria compulsória. Não sou seu advogado de defesa, ele pode ter até cometido supostos desvios, mas os crimes de Sérgio Cabral, praticados à luz do dia com centenas de testemunhas, é um clássico tipo de punição da virtude. Marcelo Bretas, com quem não tenho nenhuma proximidade, certamente, em suas decisões, contrariou muitos interesses. A busca e apreensão determinada por ele em escritórios de advocacia, e o desmantelamento de uma organização criminosa que saqueou os cofres do Rio, talvez sejam seus maiores crimes.

No caso da Lava Jato do Rio, não há de se falar em juiz natural como foi a alegação para o caso de Curitiba. Muito menos existem provas irrefutáveis que Bretas teria negociado penas com um advogado que foi ardilosamente plantado para tentar incriminá-lo. Como é público, fui o autor junto ao Ministério Público Federal em Brasília da notícia-crime contra Sérgio Cabral e este fato gerou a criação da Força Tarefa do Ministério Público no Rio. Conheço os fatos detalhadamente. Posso afirmar com segurança que os promotores e o juiz Marcelo Bretas não inventaram nem criaram nenhuma situação criminosa para o ex-governador. São fatos. Todo trabalho da Força Tarefa envolveu cooperação da Polícia Federal, COAF e Receita Federal. Foram realizadas 55 operações, 806 buscas e apreensão, 70 prisões temporárias, 264 prisões preventivas, 894 denunciados e 183 condenados em 1ª instância. Até o momento, foram devolvidos aos cofres públicos R$4 bilhões, além de outros R$12 bilhões requeridos em ações de improbidade.

Cabral ser “descondenado” agora, depois de tudo o que fez e confessou, será um tapa na cara da população do Estado. Se houve erro no procedimento formal do juiz ou de algum promotor, não justificam o esquecimento dos fatos lamentáveis praticados pelo criminoso. Repito: na minha opinião, estão punindo o juiz muito mais por suas virtudes que pelos possíveis erros que tenha cometido.

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Comentários

24/06/2025

11:45

LUIZ CEZAR FERRO DA SILVA - Rio de Janeiro

Será vergonhoso para o próprio Judiciário, as LEIS precisam mudar e começar pelo Judiciário, que uma pena máxima de um juiz seja uma gorda aposentadoria obrigatória. Até quando?