Desde quinta-feira, os jornais das Organizações Globo (Extra e O Globo) vêm fazendo matérias tentando induzir a população a conclusões erradas sobre medidas e projetos acertados implementados pela prefeita de Campos dos Goytacazes, Rosinha Garotinho.
O primeiro caso trata-se da Passagem Social. Pelo tom da matéria parece que o programa, que beneficia toda a população do município, que paga apenas R$ 1 para andar de ônibus de qualquer bairro ou distrito dentro da cidade de Campos está começando agora, e que está sendo feito um cadastramento. O programa completará oito anos no próximo dia 1º de Maio, e beneficia milhares de trabalhadores, especialmente os que moram mais longe do centro comercial da cidade. A Passagem Social foi idealizada com intuito de integrar o município de Campos que tem mais de 4 mil km quadrados de extensão, ou seja quase 10% da área total do Estado do Rio. As passagens antes da criação, há 7 anos atrás eram caríssimas. Da região Norte, na fronteira com o Espírito Santo, até o centro da cidade custava R$ 12. Quanto não custaria hoje? Até o litoral, na praia do Farol de São Tomé custava na época R$ 5,70. Hoje estaria beirando os R$ 10.
Colocada a realidade vamos aos fatos e à manipulação da matéria. O que está acontecendo agora não é cadastramento, e sim um recadastramento, que ocorre em função do descumprimento por parte dos empresários de ônibus do edital de licitação realizado pela Prefeitura de Campos, que exigiu um novo sistema de bilhetagem para maior controle das pessoas que passam nas roletas dos ônibus. Isso já deveria ter ocorrido um ano atrás, mas os empresários queriam manter o esquema do RioCard, o mesmo condenado pelo Tribunal de Contas do Estado, e após sucessivos adiamentos o programa da passagem social teve que ser suspenso, e um novo sistema que opera em cidades com Belo Horizonte e Salvador, entre outras, foi contratado. Novo sistema, necessidade de novo cartão. A matéria questiona o fato de dentre os documentos exigidos no recadastramento está, além do CPF e comprovante de residência, o título de eleitor. A medida foi adotada porque em denúncia já encaminhada e aceita pelo TRE, municípios que fazem fronteira com Campos se aproveitavam da distância daquelas áreas para o centro de Campos e trocavam os títulos de eleitor para as outras cidades. O exemplo mais gritante, e denunciado oficialmente ao tribunal é o município de São João da Barra, um dos que faz divisa com Campos. A cidade tem 33 mil habitantes e 32 mil eleitores. É uma fraude escancarada, sem o menor pudor. Políticos ofereciam pagamento de bolsas de estudo ou outros benefícios aos moradores da área rural de Campos em troca da transferência do título de eleitor. A estimativa feita há época por técnicos, que embasaram a ação no TRE, é de que entre 5 e 7 mil moradores de Campos foram convidados a transferir seus títulos para São João da Barra. Isso foi explicado exaustivamente e tem o apoio da população que quer acabar com a esperteza de certos políticos. O Globo foi informado dessa situação, mas sequer fez referência na matéria. Além disso, Campos faz divisa com Quissamã e Bom Jesus do Itabapoana. Nessas duas cidades também ocorre em proporção menor a mesma situação. Com os demais municípios, a distância é muito grande e não compensa os políticos espertalhões. A medida da prefeita está correta. Justamente o preconiza a lei eleitoral, ou seja, a proibição de benefícios em troca de voto. Justamente o que vinham fazendo os políticos espertalhões. A intenção é desmascarar a farsa de morar uma cidade e votar em outra.
O segundo caso está no Globo de hoje, que retrata parte da verdade do sofrimento que estão sofrendo as cidades que tiveram queda expressivas em suas arrecadações devido à baixa do preço do petróleo no mercado internacional. Não quero entrar no mérito de outras cidades citadas, mas o esforço de contenção de gastos que a Prefeitura de Campos vem fazendo quando o barril de petróleo começou a despencar de US$ 115 até chegar aos USS$ 27 é monumental. Foram reduzidos todos os contratos da prefeitura em 25%, sendo que alguns foram extintos. Os cargos comissionados foram reduzidos em 20% da quantidade além de mais 10% no valor do salário, além de outras medidas de austeridade adotadas por Rosinha. Engraçado que a matéria fala que a cidade investiu mal os royalties ouvindo a opinião de dois críticos do governo Rosinha. Falam em mais investimento em saúde e educação genericamente. Vamos aos fatos, os números não mentem. Segundo as informações contidas no site do Ministério da Saúde, e confirmadas pelo relatório do Tribunal de Contas do Estado, Campos investiu em saúde 44% de sua arrecadação global. Disparado à frente dos demais municípios do Estado do Rio de Janeiro. Esse gasto alto tem uma relação também com o primeiro caso que citamos. Como os municípios vizinhos de Campos não têm rede hospitalar, somente postos de saúde precários, a política de saúde dessas cidades é a famosa "ambulâncioterapia", compram uma ambulância, pintam bem grande o nome da prefeitura local e mandam os pacientes para Campos, que fica com a responsabilidade de pagar a conta. A matéria também esconde do leitor que o maior projeto habitacional feito com recursos exclusivamente dos royalties é o que está sendo implementado em Campos, onde 6.700 famílias saíram de áreas de risco para morar em condomínios residenciais em casas, que têm rua asfaltada, água, luz e esgoto. De todas as áreas de risco da cidade só existe uma ser resolvida. Talvez tenha sido a primeira vez que o repórter foi a Campos, e não deve se lembrar daquela imensa favela que existia à margem da BR-101 até a entrada da cidade. A matéria também não tocou, nem de raspão, no programa de creches-modelo da prefeitura elogiado pelos técnicos do Ministério da Educação. Preferiu fixar suas críticas em dois pontos. O primeiro foi a Cidade da Criança. Como o repórter diz, um quarteirão inteiro localizado bem no centro de Campos. Era um local que era utilizado para o uso de drogas e outras situações ligadas ao crime, uma área abandonada no coração de Campos. Mas nesta matéria a maior maldade é dizer que o parque tem esculturas bonitas, que tem recebido mil pessoas por dia, que vai ser a Disney campista, e não informar aos leitores que o parque temático é também educacional. Dentro dele está instalada a única geodésica do estado, um laboratório onde os alunos de química, física e matemática poderão fazer seus experimentos práticos. Igual ao de Campos só existe um na Universidade de São Carlos, no interior de São Paulo. O parque hoje tem aprovação, segundo pesquisa encomendada pela Companhia de Desenvolvimento de Campos, de 95% da população.
A outra questão é a construção do CEPOP (Centro de Eventos Populares Osório Peixoto), chamado pelo repórter de sambódromo. Campos tem há vários anos uma Bienal do Livro, muito concorrida. Onde era realizada? Na rua, por falta de um local para eventos. Onde era realizado o desfile de 7 de setembro? Na rua. Onde era realizado o desfile do aniversário da cidade? Na rua. Onde era realizados os desfiles de carnaval, que segundo o repórter não existem? Também na rua. Aliás, sobre carnaval ele poderia pedir uma opinião do CEPOP ao seu colega que trabalha na TV Globo, Milton Cunha, que vem há anos a evolução da festa em Campos. Além disso o CEPOP é um espaço definitivo para evitar o "monta e desmonta" de arquibancadas que se faziam nas paradas, desfiles e no carnaval. Somado no final sai mais barato e fica em definitivo. Além disso na área equivalente à Praça da Apoteose existe um mega palco que tem sido utilizado pela iniciativa privada para a realização de shows. Eu até poderia falar mais, mas vou terminar por aqui com uma lembrança sobre as "profecias" da Globo. No primeiro ano do Sambódromo do Rio ela fez um movimento para desacreditar a obra, dizia que estava sendo feita às pressas, que o cimento não iria secar a tempo e não suportaria a multidão. Chegou a arrumar um engenheiro para dizer do risco do sambódromo desmoronar. Passados 32 anos está lá o Sambódromo onde a Globo fatura milhões fazendo suas transmissões do carnaval para o mundo inteiro. Como a Globo já pediu desculpas ao povo brasileiro por ter apoiado a ditadura militar, bem que podia vir a público pedir desculpas a Brizola e a Darcy Ribeiro porque o Sambódromo continua de pé.
Quanto à dificuldade financeira que os municípios produtores de petróleo estão passando, a Globo poderia ter ajudado pedindo que seja dado às prefeituras o mesmo tratamento que foi dado ao Governo Pezão. Os royalties para o Estado representam menos de 7% de sua arrecadação, enquanto para as prefeituras da região produtora variam de 50% a 75% do orçamento.