Já há mais de um mês falei em meu programa de rádio sobre a delação do publicitário Renato Pereira, da Prole, o marqueteiro oficial do PMDB e dos governos do Rio. Inclusive quando da apreensão ilegal dos meus pen drives pela Polícia Federal, até hoje não devolvidos, faço citação à delação de Renato Pereira. Hoje, além da manchete principal, o Globo publica extensa matéria sobre a delação. Não sei se foi de forma proposital ou se ainda pretende divulgar outros detalhes, mas a matéria omite várias situações e outros políticos, a menos que Renato Pereira não tenha conseguido documentação para comprovar o que falou em relação a outras pessoas. Também estranho que quando recebi a informação e os detalhes da delação fui alertado que um vazamento detalhado, e foi o que eu evitei, apenas comentando os assuntos no blog e no programa, poderia gerar um pedido de nulidade da delação. Hoje o Globo publica até gráfico entre os valores declarados nas campanhas de Cabral, Paes, Pezão e Pedro Paulo, que certamente algum deles poderá solicitar ao ministro Ricardo Lewandowski, a quem cabe a homologação dessa delação, a nulidade visto que ainda não foi quebrado o sigilo. Como Eduardo Paes é o “queridinho” das Organizações Globo fica a dúvida. Vazaram o que interessava para gerar a nulidade ou não têm a delação completa?

Vamos a um resumo do que disse Renato Pereira.

As licitações no governo Sérgio Cabral eram fraudadas, e que ele próprio escolhia junto Maurício Cabral (irmão de Sérgio Cabral) as empresas que seriam vencedoras. Ajudou inclusive a redigir os editais de concorrência junto com Regis Fichtner e Wilson Carlos. Segundo Renato Pereira até mesmo pareceres e justificativas para notas baixas das agências concorrentes eram escritas por sócios da Prole e depois homologadas pela comissão de licitação do Governo do Estado. Ele afirmou que tudo foi acertado num café da manhã no Copacabana Palace em 2007. Segundo ele, Ricardo Cota, subsecretário de Comunicação do governo Cabral, o procurou para que coordenasse os editais de licitação. O publicitário designou seu sócio Flávio Horácio Peixoto Azevedo para apresentar os pareceres e as propostas. Além de Cota e Flávio Horácio, o publicitário afirma que participavam das reuniões e decisões, o ex-secretário de Governo, Wilson Carlos, já preso, Regis Fichtner, ainda solto, além de Maurício Cabral. Na primeira licitação, como a Prole não tinha condições de aparecer entre os cinco vencedores, indicou a PPR (Profissionais da Propaganda Reunidos). A empresa de Renato Pereira venceu os editais seguintes. Entre 2008 e o início de 2014, a PPR e a (Prole) faturaram R$ 230 milhões, resultantes de licitações fraudulentas onde havia mais 4 agências. Segundo o delator 1/3 do lucro dos contratos da PPR era repassado à Prole e outro 1/3 ao irmão de Sérgio Cabral. O favorecimento tinha o aval de Wilson Carlos, de Ricardo Cota e do próprio Sérgio Cabral, a quem Renato Pereira declara gratidão pelo crescimento súbito de sua agência. Ainda segundo ele, também participavam do esquema a Carioca Filmes, a Agência 3, que também ganhou a conta da CEDAE no valor de R$ 50 milhões, e a agência Eurofort. Todas praticavam o mesmo sistema, 1/3 do lucro para a Prole e 1/3 para Maurício Cabral.

A matéria do Globo relatou com riqueza de detalhes a fraude nas licitações do Estado, mas não deu uma linha sobre como o esquema funcionava na Prefeitura do Rio, sob o comando de Eduardo Paes.





O caixa 2 de Cabral, Paes, Pezão e Pedro Paulo

Subitamente a matéria esquece o esquema das verbas oficiais e passa a tratar das campanhas eleitorais. “Cuidadosamente” o texto não usa nunca a palavra corrupção, cita sempre “caixa dois”. Renato Pereira revela a diferença entre o que foi declarado pelos candidatos à Justiça Eleitoral e o que ele efetivamente recebeu.



O publicitário relata também que ele e seus sócios da Prole recebiam pessoalmente dinheiro vivo em sacolas, repassado por empresas prestadoras de serviço, empreiteiras ou fornecedoras dos governos estadual e municipal do Rio. Segundo ele, os maiores colaboradores foram Andrade Gutierrez, Odebrecht e pelo empresário de ônibus Jacob Barata, e diz mais, que a pré-campanha de Pezão ao Governo do Estado (2013, um ano antes da eleição) foi bancada pelo “rei dos ônibus” e custou R$ 5 milhões, valor acertado numa reunião no Palácio Guanabara onde participaram além dele, Sérgio Cabral, Pezão e Wilson Carlos. Diz Renato Pereira que Pezão necessitava de uma atenção especial em razão da sua dificuldade de comunicação, e ele ficou responsável pelo treinamento de fala, vídeos para redes sociais e aparições em programas de TV, e ainda conta que o responsável pelos pagamentos era Hudson Braga, o Braguinha. Foram entregues, entre junho de 2013 e junho de 2014, R$ 400 mil mensais no prédio da agência Prole, na Urca. Outros R$ 700 mil foram entregues também na agência por Paulo Fernando Magalhães Pinto, amigo e ex-assessor de Cabral, que foi preso e está condenado a 9 anos de prisão. Renato Pereira afirma que o mesmo método usado nas campanhas de Cabral e Pezão se usou nas últimas duas eleições para a Prefeitura do Rio. Ele afirma que foi o próprio Eduardo Paes que lhe comunicou como funcionaria o esquema. No caso da prefeitura além das entregas de dinheiro na sua agência, na Urca, também aconteciam entregas na Nimbus Comunicação, uma produtora pertencente ao seu grupo. O dinheiro dos pagamentos ilícitos da campanha de Paes à reeleição e da de Pedro Paulo era entregue diretamente a ele por Guilherme Schleder, integrante da Casa Civil da prefeitura, que tinha como secretário Pedro Paulo. Ocorriam normalmente em restaurantes e citou o Outback da Barra da Tijuca. Segundo ele repasses foram feitos por Fernando Duba, assessor de Pedro Paulo, e Bernardo Fellows, subchefe de gabinete de Eduardo Paes. A delação conta ainda que uma das grandes fontes de contribuição financeira da pré-campanha de Pedro Paulo foi o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, colega de cela de Cabral, e outro, Jacob Barata. O valor de Jacob Barata na pré-campanha foi de R$ 2 milhões. Renato afirmou também que Sérgio Cabral chegou a lhe pedir ajuda para receber no exterior uma dívida de propina da Odebrecht no valor de US$ 130 mil, que acabou sendo depositada na conta de um doleiro, que transformou em dinheiro e repassou a Wilson Carlos e Carlos Emanuel Miranda, o Avestruz, outro preso com Cabral em Benfica. Também disse que a pré-campanha de Cabral em 2010 custou R$ 12 milhões, que foram bancados pela Odebrecht. O dinheiro foi entregue à Rua General Garson, no Jardim Botânico, onde fica o prédio da sua produtora Nimbus. Durante a campanha quando os valores aumentaram passaram a ser transportado em uma Pajero blindada e entregues no estúdio onde a equipe trabalhava.

O que Renato Pereira retirou da delação ou o Globo ainda não publicou

1 – O esquema montado por ele na Prefeitura de Niterói com o ex-secretário da Cabral e atual prefeito da cidade, Rodrigo Neves.

2 – Quem participou das fraudes nas licitações da Prefeitura do Rio.

3 – Seu envolvimento com Nelson Bornier e a Prefeitura de Nova Iguaçu.

4 – As contas onde depositou dinheiro no exterior para Eduardo Paes e Pedro Paulo.

5 – Os nomes dos fornecedores do Estado e da Prefeitura do Rio, além daqueles já conhecidos, que colaboraram para as campanhas de Cabral, Paes, Pezão e Pedro Paulo, através de notas frias que ele emitia de sua agência.

6 – A ordem que ele deu para jogar milhões de reais na Baía de Guanabara no dia da Operação Calicute, quando Cabral foi preso, cujas notas apareceram boiando durante vários dias para alegria de pescadores e endividados.

É bom lembrar a Renato Pereira que omissões assim como acusações sem provas materiais podem anular a delação. Seu acordo foi altamente benéfico diante dos crimes que cometeu em parceria com a Gangue do PMDB. Pelos crimes confessados, ele vai pagar uma multa entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, valor irrisório diante da montanha de dinheiro que recebeu. Sua pena também deverá ser bem reduzida. Um bom conselho a Renato Pereira, um ótimo marqueteiro: Fale tudo antes que perca tudo. A mentira pode convencer no marketing, mas não na justiça.

Em tempo: A semana promete fortes emoções para figuras influentes do PMDB do Rio. Dizem as más línguas que será servida uma bela macarronada à italiana. A conferir.

Comentários

05/11/2017

02:36

Igor - Rio de Janeiro - RJ

O Antagonista: " Marqueteiro revela manipulação de licitações no governo do Rio Os contratos de publicidade do governo estadual do Rio de Janeiro dos últimos dez anos foram direcionados para a Prole ou empresas sugeridas por ela – que, com isso, eram obrigadas a compartilhar uma parte dos lucros. Foi o que relatou o marqueteiro Renato Pereira em delação revelada pelo Globo. “Sócios da Prole participaram até mesmo da redação de pareceres e justificativas para notas baixas de concorrentes, com o intuito de controlar as licitações. Segundo o delator, um irmão do governador Sérgio Cabral, o publicitário Maurício Cabral, tinha participação nos lucros obtidos com os contratos. A participação de Maurício foi decidida, segundo ele, durante um café da manhã no Copacabana Palace, em 2007." É uma gente muito chique." As fraude nas licitações, dirigidas para a Prole, eram feitas na Casa Civil comandada por Régis, braço direito do ladravaz Sérgio Cabral. Cadeia para os corruptos e ladrões do dinheiro da população!!!

05/11/2017

06:25

Gilson coelho - Vassouras Rj

05/11/2017

07:07

Marlene Pereira Santana -

É tanta máfia junto, tanta corrupção, enquanto a justiça faz questão de fazer juz à sua imagem de pedra. Simplesmente, CEGA !

05/11/2017

08:34

Celso Cordeiro - Rio de janeiro

Quanto a questão das licitações da prefeitura, a que envolve o serviço de esgotamento sanitário na AP-5, onde quem ganhou foi o consórcio Foz Águas Brasil zona Oeste, que tem o grupo Odebrecht , simplesmente a proposta era de um investimento de cerca de 2,9 Bilhões de Reais, para implantação de toda infraestrutura, hoje inexistente, não investirá nada e passaram a tão somente a emitir faturas antecipadamente a implantação dos serviços. Veja mais detalhes no meu http://celsocordeirojunior.blogspot.com.br

05/11/2017

10:20

SALDANHA - RIO DE JANEIRO/REALENGO

Depois dos identificados, só falta aparecer a mãe desta " Prole " ! Quem será ? Esta complexa irmandade de vampiros revelada através das narrativas do delator, aponta uma rede de corrupção, aparentemente integrada por dignos cidadãos mas que na verdade não passam meros infelizes, traidores piores doque ediondos criminosos, verdadeiros vampiros que sugaram não só o erário, como também: saúde, dignidade, esperança, vida e a alegria de viver, impondo dor e sofrimento sobre incotáveis cidadãos de bem do Estado do Rio de Janeiro !

06/11/2017

08:58

Pedro Mendes Teodoro - Tres Rios

Garotinho joga no ventilador e mais uma vez tudo mastigado para a PF e MPF.

06/11/2017

09:43

souza - itaborai

Ja q a justiça cega cm.essa q temos nesse pais q sò prende os menos favorecidos e negros,pois se nega a caçar e expurgar do nosso meio e da sociedade livre essas aves d rapina na nossa politica e q so fazem roubar o dinheiro do povo,pra mim essa mesma justiça q nada mas tem d justiça e nao passa d uma praticante d prevaricação ,pois c tantas evidencias e provas nada faz em defeza da sociedade ,isso no minimo pra mim chama se omissão na pratica da lei e nossa.contituição onde os direitos e deveres sao os mesmos p todos.

06/11/2017

04:42

Adriano - Grajaú

Espanta e admira que este quadro tenebroso de corrupção envolvendo os notórios de sempre com as licitações fraudadas para contratação de agências de publicidade nos desgovernos Cabral-Pezão (mais um esquema veio à tona!) tenha ocorrido sob o olhar contemplativo, complascente do Ministério Público estadual. Esta omissão é uma vergonha!

06/11/2017

08:58

Vigilante - ---Recordar é Viver---

https://oglobo.globo.com/brasil/pedro-paulo-filho-de-cabral-sao-exonerados-para-apoiarem-picciani-18676347

06/11/2017

11:50

Taxista - Rio de janeiro

Por que demora mandar Pezão para o Complexo Penitenciário de Gericinó?

07/11/2017

09:07

Reinaldo - Rio de Janeiro

Se o senhor for candidato, é melhor ser candidato a deputado estadual, que é o caminho que o senhor deveria ter feito em 1998, fazer oposição se for o caso, e depois governar.

07/11/2017

09:41

Francisco Alex - Itaguai

07/11/2017 11:00:14 PAULO CAPPELLI Jornal O Dia Rio - O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) estuda se lançar candidato a deputado federal no ano que vem. Essa noticia aqui não é piada não, é serio isso aqui mesmo, alguém saber dizer a verdade disso.

21/11/2017

03:41

JOREL MOREIRA LIMA - Rio de Janeiro

O emissário de Hudson Braga era o Sr Luiz Carlos Barata de Oliveira Conhecido como Barata de Volta Redonda e não Jacób Barata Filho