O presidente Michel Temer anunciou ontem que vai agir no caso de ministros envolvidos na Lava Jato. Se for apenas citado nas delações nada acontecerá. No caso de ser denunciado pelo MPF será afastado, mas mantendo o salário. Só se virar réu no STF é que será demitido. Temer quis passar para opinião pública a imagem de presidente zeloso pela moralidade, mas é tudo da boca para fora. Temer joga com o tempo. Em março a Lava Jato completa 3 anos. Sabem quantos políticos com foro privilegiado já viraram réus na Lava Jato no Supremo Tribunal Federal? Só a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e os deputados Nelson Meurer (PP-PR) e Aníbal Gomes (PMDB-CE), além de Eduardo Cunha, que perdeu o foro privilegiado quando foi cassado e passou para Justiça Federal do Paraná. Apenas outras 11 pessoas já foram denunciadas. Temer sabe que as delações da Odebrecht atingem cinco ministros: Moreira Franco, Eliseu Padilha, José Serra, Gilberto Kassab e Leonardo Picciani. Porém conta que vai demorar muito tempo até a Procuradoria Geral da República formalizar denúncias. A média de tempo entre a abertura de inquérito e a denúncia de envolvidos na Lava Jato com foro especial é de 14 meses. Com isso, no cálculo de Temer só em 2018 os seus ministros poderão vir a ser denunciados.
O presidente da República só esquece de um detalhe fundamental. Se surgirem bombas contra os ministros que acabem na primeira página dos jornais e nas manchetes dos noticiários não há nada que os segure, a pressão da mídia e da opinião pública selarão o destino deles, e terão que deixar os cargos, podem esquecer os critérios anunciados por Temer. Basta lembrar o caso de Romero Jucá. Teve que pedir o boné do ministério do Planejamento mesmo sem ser denunciado nem ter virado réu. Gravações bombásticas e uma delação fizeram o serviço.