É preciso entender que o esquema de corrupção montado no Rio de Janeiro ainda está muito longe de ser totalmente desvendado, o dinheiro recuperado e todos os responsáveis punidos. Para melhor entender quem falta ser punido fiz um levantamento de algumas matérias e trechos das nossas denúncias encaminhadas à Procuradoria Geral da República e ao Ministério Público Estadual sobre a quadrilha que administrou o Rio sobre o comando de Sérgio Cabral. Nessa escala que vamos fazer agora não está a quantidade de dinheiro desviada por cada um, mas sim a proximidade com o chefe (Cabral) e a ordem de importância da organização criminosa, e o que pesa, a meu ver, contra cada um.
Regis Fichtner
Como é público acompanha Sérgio Cabral desde o início de sua carreira política. Foi seu assessor na ALERJ, seu suplente de senador e seu chefe da Casa Civil.
1 - O escritório do qual sua família faz parte, e ele é sócio majoritário advogou para a LLX recebendo vultuosas quantias do grupo de Eike Batista. Incidiu no mesmo crime cometido por Adriana Ancelmo. Usou o escritório de advocacia para defender interesses privados junto ao Estado, principalmente no caso do Porto do Açu.
2 – Foi o mentor intelectual da lei dos precatórios e, por decreto do governador Cabral, ganhou a exclusividade para autorizar a compensação de precatórios no Estado. Só Regis Fichtner, pelo artigo 20 do decreto 43.443, podia autorizar a fruição do benefício fiscal. Foi ele que selecionou os escritórios de advocacia, junto com Adriana Ancelmo, que ofereciam no mercado paralelo relações de precatórios que consumiram R$ 8 bilhões do Fundo do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ainda no capítulo dos precatórios, Regis Fichtner cometeu crime contra a ordem tributária, pois os municípios não recebiam os 25% garantidos pela Constituição.
3 – A misteriosa imobiliária de Regis Fichtner. O endereço de luxo da Grimm Participações Limitadas, que foi aberto em 2007, é o Golden Green, tendo como objetivos a compra, venda e aluguel de imóveis. Ele tem 50% das ações, os outros 50% são de sua esposa, Inês Helena Dodl Fernandes. O endereço é Avenida Lúcio Costa, 5.000, bloco 1, apartamento 502, na Barra da Tijuca é o mesmo da sua residência. Como conseguiu o alvará de funcionamento comercial numa área exclusivamente residencial?
4 – A rede de farmácias da família Fichtner. Somente no ano de 2011, a família de Regis Fichtner, através de sua esposa, Inês Helena, adquiriu cinco farmácias, sendo três de uma vez só. Quatro na Barra da Tijuca e uma na Ilha do Governador, todas devidamente registradas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica em nome de sua esposa. Estranhamente, após a explosão do escândalo envolvendo Sérgio Cabral, pelo menos as duas farmácias situadas no shopping Via Parque foram passadas adiante. Elas eram administradas por sua cunhada, Maria Elisa, que informou a um dos interessados, que estava vendendo tudo para se mudar do país.
5 – Como secretário da Casa Civil, Regis Fichtner era o responsável pela contratação e licitação das aeronaves em que o governador viajava. Nos últimos seis anos do governo Cabral a Líder Táxi Aéreo embolsou a impressionante quantia de R$ 14,3 milhões por fretamento, pagos pelo cofre do Estado. Isso representa um aumento de mais de 600% em relação aos seis anos anteriores à sua gestão. Isso já seria um absurdo não fosse o direcionamento das exigências que levaram a Colt Aviation, interessada em participar da disputa, a entrar com recursos para evitar a participação isolada da Líder Táxi Aéreo. Não menos coincidência é que a empresa aérea é defendida pelo escritório Andrade, Fichtner Advogados, e em alguns casos a defesa foi feita pelo próprio Regis Fichtner, que depois deixou o escritório, e foi para a Casa Civil defender os interesses dos clientes.
Daqui a pouco vamos falar de outro personagem importante: Sérgio Côrtes, o homem que comeu pizza com Cabral, Adriana Ancelmo e Cavendish na farra de Paris.