Desde ontem os telejornais e também os jornais de hoje anunciam que o acordo entre o governo do Rio de Janeiro e o governo federal está praticamente fechado. Serão adiados pagamentos de dívidas por 3 anos, a privatização da CEDAE, antecipação de royalties, além de uma operação bancária, que segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles terá que ser com um banco privado. Em contrapartida o Estado terá que diminuir o gasto com pessoal efetivo, reduzir jornada de trabalho cortando salários, aumentar a contribuição previdenciária de 11% para 14%, entre outras medidas.

A situação do Estado do Rio faz lembrar a daquele paciente terminal que no desespero para viver mais alguns dias aceita qualquer coisa, qualquer remédio novo que surgir ele está tomando mesmo que depois venha a sofrer efeitos colaterais. Como a situação é terminal qualquer dia a mais de vida é lucro.

Não pretendo emitir nenhum juízo de valor sobre o acordo enquanto não conhecer todas as medidas, que a princípio vejo em algumas delas desrespeito à Constituição, aos direitos adquiridos e à Lei de Responsabilidade Fiscal.

O meu ponto central é outro. Será que o senhor Luiz Fernando Pezão ainda tem, depois de toda a roubalheira do governo Sérgio Cabral, onde ele foi vice e secretário de Obras, um mínimo de legitimidade para implementar este acordo?

Durante os governos Lula e Dilma, o Rio recebeu montanhas de dinheiro e está quebrado. Pezão participou de tudo e é responsável direto pela falência financeira e a corrupção que corroeu Estado nos últimos dez anos. Não seria mais razoável o governo federal tocar este plano com atores políticos mais confiáveis do que Pezão, Jorge Picciani e outros nomes que se repetem desde a era Cabral?

Os funcionários públicos querem receber o seu salário, precisam e merecem, mas colocar mais dinheiro dos integrantes da Calicute é "jogar pérolas aos porcos". Até as palmeiras do Palácio Guanabara sabem que os principais laranjas de Cabral continuam soltos, e ele próprio, o ex-governador preso, é hoje o maior credor junto às dívidas do Estado, através de empresas de fachada onde ele atua como sócio-oculto de diversos empresários, entre eles Arthur Cesar de Meneses Soares Filho.

Não dá para ninguém de bom senso, com um mínimo de conhecimento sobre a vida política do Rio de Janeiro acreditar minimamente que Pezão há mais de 10 anos no poder não soubesse de nada que se passava nos porões do governo estadual. É o contrário, todo mundo sabe, inclusive os procuradores federais que só o pouparam das primeiras denúncias para não transferir o caso da Justiça Federal do Rio de Janeiro para o STJ, já que Pezão tem foro privilegiado. Não é razoável injetar mais dinheiro no esquema que transferiu bilhões de reais de dinheiro público para formação de fortunas pessoais dos amigos do rei.

O governo federal tem tudo na mão, do ponto de vista legal, para junto com a Justiça, inclusive a solícita presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, afastar o governador Pezão e colocar uma equipe técnica para intervir e comandar o Estado e arrumar as contas, depois que a ladroagem bateu a carteira do povo do Rio de Janeiro.

Da maneira como a coisa está sendo feita, a mensagem que se passa é que o crime compensa. Lamentavelmente os funcionários estão sofrendo, chegando ao desespero como se viu ontem na ponte Rio - Niterói. Mas não se pode pedagogicamente premiar a irresponsabilidade fiscal e moral.

Por muito menos que Pezão e Cabral fizeram no Estado, uma presidente da República foi cassada, sob a alegação de pedaladas fiscais até hoje mal explicadas. No fundo muitas pessoas justificavam seus votos a favor da cassação dizendo que mesmo que não fosse comprovado o erro fiscal, Dilma havia perdido as condições políticas e morais para comandar o país devido aos escândalos do Mensalão, Lava Jato, entre outros.

O critério que valeu para levar Michel Temer ao poder vale para injetar mais dinheiro nos quadros podres da política fluminense? Qual a garantia que esse dinheiro não irá mais uma vez se transformar em vacas, fazendas, iates, mansões, joias milionárias ou outros desvios de caráter da quadrilha que vem assaltando o Rio de Janeiro nos últimos anos?

Alguns setores que ganharam muito dinheiro para manter a aparência de normalidade no estado, como se nada estivesse ocorrendo e o Rio fosse o paraíso da eficiência na segurança, saúde e educação, alardeiam o acordo como salvação para o Estado, como já fizeram outras vezes. Mas na verdade estão defendendo seus interesses econômicos, nada mais.

Desejo muito que o nosso estado encontre uma saída urgente, mas assistir um novo filme com os mesmo atores fica difícil acreditar num final diferente.

Comentários

12/01/2017

11:05

Sulamita - Rio de Janeiro - RJ

Colocaram Herodes para tomar conta do berçário...

12/01/2017

12:22

Moises Campos - Rio de Janeiro

Sr. GAROTINHO, à luta por Investigação na CBF É sua, loga à seguir veio o Deputado Romário, hoje, Senador, MAIS, quem iniciou tudo foi v.sa. Portanto, divulgue no seu blog. sua luta incessante pelo Banimento de Ricardo Teixeira, Marco Polo del Nero, José Maria Marin. etc. PARABÉNS SUA LUTA. Realizo divulgação diariamente em meu face, de suas matérias. Abraço.