Não tenho prazer na desgraça alheia, mas é necessário um breve retrospecto de algumas de minhas atitudes que me criaram áreas de arestas na política nacional.
1999 - Denunciei Ricardo Teixeira num esquema de privatização do Maracanã, e logo em seguida revelei que ele comandava um grupo fraudulento dentro da FIFA, junto com seu sogro João Havelange. Com apoio da Globo, Teixeira sufocou minhas denúncias. No ano de 2012, na Câmara dos Deputados tentei criar uma CPI para investigar a fortuna roubada do futebol brasileiro por Ricardo Teixeira e seus aliados, entre eles, J.Hawilla, dono de concessões da Globo no interior de São Paulo. Fui bombardeado, impediram a CPI, deputados se venderam, e só depois que o FBI (polícia federal americana) entrou nas investigações é que a quadrilha comandada por Ricardo Teixeira e outros foi em parte desbaratada. Hoje muitos dizem: "O Garotinho tinha razão".
2000 - Reduzi o preço das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e enfrentei a máfia do transporte coletivo. Infelizmente através de decisões judiciais foram devolvendo aos empresários, com apoio de deputados estaduais, o poder de manter passagens acima do preço e um sistema de transportes que tornou o Rio, a capital brasileira dos ônibus. Briga pesada pois essa gente é poderosa.
2001 - Com Rosinha à frente da secretaria estadual de Ação Social, nossos programas ganham projeção nacional, entre eles o Restaurante Popular, Jovens pela Paz, Cheque Cidadão, copiado depois por Lula com o nome de Bolsa Família. Neste mesmo ano o projeto Delegacia Legal recebe reconhecimento da ONU como o único programa de modernização do aparelho policial. E aí se levantam contra mim os setores que sempre apostaram numa polícia desorganizada. Outra briga pesada, um grupo poderoso tenta sabotar o Instituto de Segurança Pública, hoje destruído. O sistema de inteligência da polícia, a construção da sede do BOPE e uma nova política de treinamento policial, mas infelizmente isso não interessava às Organizações Globo.
2002 - Antes de deixar o governo estadual mando licitar as salas de aula dos telecursos desenvolvidos pelo Estado. Durante anos, antes do nosso governo, eles foram entregues a uma ONG chamada Viva Rio, sem licitação, que utilizava os materiais utilizados pela Fundação Roberto Marinho. Na licitação o SENAI venceu a disputa com mais de 50% de desconto sobre o preço cobrado pela fundação dos Marinhos. Neste mesmo ano fui candidato a presidente da República pelo PSB, e em debate na FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) sou o único dos grandes candidatos a se recusar a assinar um documento comprometendo-me a manter a política econômica que transfere recursos do povo para os bancos. Lula, Serra, Ciro assinaram e eu me recusei. Minha resposta ao banqueiro Olavo Setúbal, para perplexidade dos seus colegas presentes na reunião, foi direta: "Preciso ter independência para fazer o que o Brasil precisa. E o que o Brasil precisa é se libertar do sequestro que os bancos fizeram à nação". Um deles, representante de um dos maiores bancos do Brasil me perguntou: "O senhor está nos chamando de sequestradores?". Respondi: "Sim, vocês sequestraram a economia do país e o resgate que vocês cobram custa a vida de muitas pessoas, falta dinheiro para a educação, saúde, infraestrutura e os demais setores da economia". A reunião acabou com um semblante, onde parecia que todos estavam chupando limão. Na eleição obtive mais de 15 milhões de votos e fiquei a apenas 2 pontos percentuais do segundo colocado, José Serra, candidato apoiado pelo governo FHC, uma imensa rede de partidos, vários governadores, com 10 minutos de televisão. Eu tinha apenas 1m58s de televisão, o PSB com candidatos a governadores praticamente desconhecidos, exceto no Rio de Janeiro, onde Rosinha foi eleita no 1º turno. Durante a transição de Fernando Henrique para Lula sou convidado por ele a ocupar o cargo de ministro e recuso. Então ganho o ódio de mais um poderoso adversário: o PT. A partir daquele dia o PT entendia que o seu principal adversário na área popular era o Garotinho. E a forma de destruí-lo era atacando o governo de Rosinha, bloqueando verbas, negando repasses constitucionais, e até ameaçando intervenção.
2003 - O PT, sob o comando de José Dirceu, põe em prática um programa para me aniquilar politicamente. Todos os dias eram denúncias nos jornais de todo o Brasil contra mim. Chegaram ao cúmulo de atribuir a mim e a Rosinha a redponsabilidade por um escândalo chamado Propinoduto, onde o principal personagem era Silveirinha, homem ligado a Sérgio Cabral, que trabalhou com ele na TurisRio, e cuja mulher estava lotada no gabinete do então presidente da ALERJ, que na época era o próprio Cabral. José Dirceu pegou um processo que estava em segredo de justiça desde a época de Marcello Alencar, que envolvia auditores fiscais federais e fiscais estaduais e tentou jogar na nossa conta.
Eu poderia fazer aqui a retrospectiva das pessoas e dos fatos, dia-a-dia, contando em detalhes as covardias que foram feitas para impedir minha candidatura a governador, para fazer denúncias contra mim e Rosinha, mas o fato é que a história está mostrando que nós tínhamos razão sobre tudo o que dissemos sobre cada um desses e de outros personagens. Quem acompanha este blog sabe que fomos o primeiro a denunciar o enriquecimento ilícito da família Picciani, através da Agrobilara e sua vacas milionárias. Nada foi feito.
Este blog foi o primeiro a denunciar a corrupção do governo Cabral e seu envolvimento com diversas modalidades de corrupção. O ex-governador é hoje um homem bilionário. Nada foi feito. Este blog denunciou Ricardo Teixeira e a máfia da CBF, além da máfia das loterias da Caixa. Pouco ou nada foi feito. Este blog denunciou, sempre com documentação comprobatória, as maracutaias de Sérgio Côrtes (secretário de Saúde de Cabral) com o grupo Facility, do Rei Arthur. Também denunciamos as farras da Gangue dos Guardanapos com Fernando Cavendish, Sérgio Cabral e outras autoridades. Denunciamos um desembargador vendedor de sentenças, que acabou sendo afastado, mas continua recebendo seus salários. Este blog também denunciou as contas no Panamá da família do prefeito Eduardo Paes, sem que nenhuma providência fosse tomada. Este blog também denunciou o superfaturamento das obras do Maracanã, do Arco Rodoviário, e dezenas de outras do governo Cabral. Igualmente nenhuma providência foi tomada. Nosso blog denunciou ao Brasil a mansão paradisíaca de Cabral em Mangaratiba, onde desfrutava do dinheiro que roubava dos contribuintes estaduais, e dos esquemas montados pelos empreiteiros, usando helicópteros do Estado. Neste caso a única vítima foi Juquinha, um cachorrinho de estimação que faleceu ao final do governo Cabral, provavelmente por decepção com seus chefes. Este blog também denunciou o esquema dos escritórios de advocacia liderados por Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, que faturou milhões, através de diversos esquemas envolvendo empresas com contratos com Estado. Nenhuma providência foi tomada, aliás, a OAB a absolveu. Este blog denunciou a existência de contas no exterior do senhor Wilson Carlos, secretário de Governo de Sérgio Cabral, os bancos em Hong Kong foram identificados, assim como o dinheiro nas contas, mas nenhuma providência foi tomada. Eu poderia, meus queridos leitores, citar aqui mais uma centena de casos envolvendo a quadrilha que destruiu o Rio de Janeiro nos últimos anos ou outros poderosos que enfrentei ao longo desses anos na política, como estamos enfrentando agora, ao lado de Rosinha, à frente da Prefeitura de Campos.
Fica uma pergunta no ar para aqueles que de vez em quando me acusam. Se eu tivesse uma conta no exterior, uma só, em meu nome ou de alguma pessoa próxima a mim já não teriam descoberto e denunciado? Se a Rosinha tivesse gastado em compras no exterior 10% do que a mulher de Eduardo Cunha gastou em cartões de crédito internacionais, ela também não teria sido denunciada? Se eu tivesse fazenda, gado, iate, mansões em condomínios, adversários como a Globo, a Veja, e esses políticos poderosos já não teriam descoberto e denunciado?
Afinal o que eu fiz para merecer tanto ódio de alguns setores da mídia e da política? Não me rendi aos seus caprichos e interesses, me mantive fiel ao povo, e assim será enquanto Deus me der vida e saúde. Enquanto isso Eduardo Cunha está preso. Cabral a caminho da prisão. O PT, que tentou me destruir, está apodrecendo. Os Picciani's vão ter que rebolar para explicar as vacas milionárias. A Globo perdendo audiência todo o dia, e pior, perdendo credibilidade. Os bancos continuam a sua política errada de asfixiar o governo até à morte. É bom lembrar a eles que defunto não paga a conta. Como disse no início não tenho prazer pela desgraça de ninguém. Mas o que tenho visto é que um a um dos meus adversários políticos estão sendo presos, condenados e processados por aquilo que eles diziam que eu fazia, enquanto continuo com a minha consciência tranquila e minhas mãos limpas.