O presidente em exercício Michel Temer teve o dia de hoje virado pelo avesso. Planejava ser recebido festivamente no Congresso Nacional ao entregar pessoalmente a proposta do governo sobre as mudanças das metas fiscais, e, claro, aproveitaria a ocasião para falar à imprensa e passar uma mensagem de otimismo à sociedade, mostrando as intenções de resolver os problemas que estão paralisando o país. Seria uma ótima oportunidade para Temer aparecer positivamente. Seria, mas não foi. O escândalo das conversas gravadas do ministro Romero Jucá acabaram com o dia de Temer. Entrou no Congresso ouvindo gritos de "golpista" de parlamentares petistas, e diante do constrangimento do caso de Romero Jucá, não disse uma frase à imprensa, entrou mudo e saiu calado.
Irônico que Romero Jucá na coletiva da tarde quando anunciou que pediu licença do cargo de ministro disse que o fazia para não criar constrangimentos para o governo, afinal ele também é o presidente nacional do PMDB. Mas na hora de Temer entregar a proposta das metas fiscais a Renan Calheiros, Jucá fez questão de ficar ao lado de Temer, o que obviamente a esta altura foi um grande constrangimento.
Bem, é uma situação que só cria embaraços para o governo. Vamos à tese de Romero Jucá. Se licenciou até que o MP Federal diga se ele cometeu algum crime nas conversas gravadas. Ora, o MP Federal não é obrigado a dar uma resposta imediata só porque Jucá quer. E se demorar alguns dias, sei lá, mais de uma semana? Jucá vai ficar como ministro licenciado e Temer assistindo no gabinete sua imagem afundar? Sinceramente acho que haverá outro desfecho nas próximas horas. Jucá será pressionado a pedir demissão para preservar o governo Temer. Se não sair ou se Temer o tirar vai ficar muito ruim para o governo.