Abatido em dois sentidos, tanto no seu estado de espírito como pela apuração do Ministério Público da Suíça, Cunha está atônito porque foi pego "com a boca na botija". Disse hoje pela manhã a deputados próximos que não vai falar nada sobre as contas na Suíça, porque, segundo ele, trata-se de um problema pessoal. Ora, pessoal, mas público, afinal ele é um homem público e precisa explicar de onde vieram esses US$ 5 milhões (R$ 20 milhões). Do salário de deputado é que não foi.
Hoje já começou a movimentação de deputados pressionando pela saída de Cunha da Presidência da Câmara. Agora a vaca foi mesmo para o brejo. A Câmara ficará desmoralizada perante todos os brasileiros se Cunha continuar como presidente da casa, agora que está comprovado que ele tem pelo menos 4 contas na Suíça, com depósitos de US$ 5 milhões, que segundo o Ministério Público da Suíça eram movimentadas pelo próprio, sua esposa e uma das filhas.
Aliás, basta comparar. Severino Cavalcanti, quando era presidente da Câmara, em 2005, foi obrigado a renunciar ao mandato porque recebia um mensalinho de R$ 10 mil mensais do dono do restaurante da Câmara. Como Cunha pode continuar na presidência com contas secretas na Suíça onde estão depositados US$ 5 milhões não declarados?
Não sei o que Cunha pensa, mas pela lógica acho bem provável que ele renuncie à presidência da Câmara para tentar preservar seu mandato de deputado federal. A gravidade dos fatos comprovados e documentados é mais do que suficiente para a cassação de um mandato. Se Cunha receber apoio do PMDB pode negociar sua saída apenas do cargo de presidente. A esta altura, por tudo o que já foi apurado, se Cunha ficar sem mandato, e consequentemente sem foro especial, sabe que pode ter sua prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro.
Em tempo: No Palácio do Planalto devem estar soltando fogos.