JAN NASCIMENTO - RIO DE JANEIRO
Bom dia Governador.
Me espanta essa notícia! Afinal, estamos ou não no século XXI? Estamos ou não estamos vivendo, atualmente, em um Estado democrático de direito? A Constituição permite o anonimato? Se a profissão de policial, seja civil ou militar, envolve riscos como, por exemplo, o reconhecimento do agente em situações futuras, o risco deve ser assumido pela população ou pelo Estado e seus agentes?
Recentemente, por ocasião da morte do facínora conhecido como "Play Boy", o Secretário Beltrame deu uma longa entrevista ao RJTV, da TV Globo, e fez declarações importantes sobre segurança pública, o papel da polícia e das pastas sociais dos governos. Soou como um "desabafo".
Agora, assina esta portaria "absurda". Parece que voltaremos no tempo, algo semelhante ao que se passou no governo de Moreira Franco.
Ou Beltrame é bipolar, ou não sabe o que faz, ou pensa que o povo é ingênuo. Quero ver usarem "toucas ninjas" em operações contra os narcotraficantes do Leblon, da Barra da Tijuca ou de Camboinhas. Afinal, diz o brocardo latino, "dura lex, sed lex".
Nisso tudo o que mais me envergonha, Sr. Governador, é a omissão, até o momento, da OAB/RJ. Como bacharel em direito e aprovado no XVI Exame de de Ordem unificado, o mais seletivo da história da prova da OAB até hoje, me sinto completamente desestimulado ao fazer parte dos quadros daquela instituição, que foi inclusive um dos bastiões na luta contra a ditadura.
Aliás, perguntei e respondo: para algumas regiões da cidade o século XXI ainda não chegou; a Constitução Federal não permite o anonimato, portanto, agentes públicos NÂO DEVEM usar gorros; o Estado e seus agentes é que devem assumir o risco inerente a atividade profissional, sob pena de ser IMPOSSÍVEL ao cidadão fiscalizar a atividade dos agentes policiais.
Será esse o escopo da medida adotada? Talvez ajudaria a dar um "clean" nas estatísticas.
O Brasil caminha rumo a uma "ditadura civil", sem precedentes. A roubalheira, a cafajestagem, a falta de escrúpulos e o corporativismo têm funcionado como mola propulsora e sustentáculo destes que estão aí e, por terem a legitimidade conferida pelo sufrágio, praticam todo o tipo de barbárie.
Homens de bem, candidatemo-nos! Se deixarmos tudo a mercê dos canalhocratas, o que será do futuro de nossos filhos?
P. S.: Caro Governador, sou um homem honesto e não possuo bens. Sou servidor público da educação municipal. Caso eu queira me candidatar a algum cargo legislativo, para propugnar no parlamento por leis mais severas e justas, existiria, na sua opinão, a chance de algum partido de fato sério aceitar minha pré-candidatura? O que devo fazer?